Webinar aponta caminhos para investimentos na América do Sul
Agências de promoção de investimentos compartilham experiências de sucesso e lições aprendidas com a pandemia
Publicado: 16/02/2021 20:04 | Atualizado: 03/10/2022 21:07
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Indi realizou, na semana passada, o primeiro de quatro seminários internacionais focados em investimentos para a América do Sul. O Webinar “South America – Investment Promotion”, promovido em parceria com a Associação Mundial das Agências de Promoção de Investimentos (WAIPA), da qual o Indi é diretor regional para a América do Sul, debateu as estratégias e ações para atração de investimentos nos países do continente e apresentou modelos já adotados com sucesso em outras regiões do mundo.

O vice-governador de Minas Gerais, Paulo Brant, abriu o encontro destacando os esforços recentes realizados pelo Estado na atração de investimentos, que possibilitaram quebrar recordes históricos nos dois últimos anos. Mesmo com o cenário de pandemia, o ano de 2020 em especial superou em muito as expectativas, com grandes players de mercado escolhendo o Estado para realizar investimentos. “O trabalho da nossa agência de promoção de investimentos, o Indi, teve uma contribuição essencial para esse resultado, fornecendo toda a assistência que os investidores precisaram para se instalarem”, ressaltou Brant.

Em sua fala, o presidente da Waipa e CEO da Dubai FDI, Fahad Algergawi, agradeceu ao Indi pela realização do encontro, em um esforço das agências de promoção de investimentos para melhorar a colaboração regional e trocar opiniões com colegas de todo o mundo no enfrentamento de um momento tão desafiador. “As agências têm tido um papel fundamental durante a crise de saúde pública e estão comprometidas com esforços de recuperação e reconstrução das economias, com resiliência e foco no crescimento sustentável em todas as comunidades, cidades e regiões de atuação”, afirmou.

O presidente do Indi, Thiago Toscano, destacou a importância estratégica de Minas Gerais para o Brasil e as grandes potencialidades do Estado. “A pandemia foi um momento de obstáculos mas, apesar disso, conseguimos atrair investimentos de grandes marcas dos Estados Unidos, da China e da Europa. Sediar esse seminário é de muita importância para aprendermos como nossos colegas ao redor do mundo sobre como eles também estão superando a pandemia e mantendo o crescimento econômico”, conclui o gestor.

BONS EXEMPLOS

No primeiro painel, o diretor da Brabant Development Agency, Eelko Brinkhoff, mostrou a atuação de uma agência de promoção de investimento (IPA) regional. Ele traçou até um paralelo entre a região holandesa e o Estado de Minas, destacando que as duas possuem localização privilegiada. A proximidade com grandes centros fez com que a agência definisse os pilares de atuação com foco na atração de empresas interessadas em garantir vendas para grandes mercados e em desenvolver novas tecnologias.

Para Brinkhoff, porém, a atração de investimento vai muito além de fatores geográficos. Ele destacou a necessidade de uma ação conjunta envolvendo governos locais, agências de promoção e organizações empresariais, com o objetivo de formar um ambiente atrativo para novos investimentos, e da construção de uma relação próxima com os tomadores de decisão.

“A confiança é a chave da relação. E ela não ocorre apenas com a definição do lugar certo. Ela ocorre também com a apresentação de um ambiente certo e a demonstração de que todo o apoio será dado para aquela empresa prosperar. Às vezes, as oportunidades de crescimento e outros fatores, como as condições de moradia para seus diretores, são mais importantes que a localização do empreendimento”, destacou.

A estratégia da agência de Brabant vem dando certo e é um bom case para ser observado. Segundo Eelko Brinkhoff, uma recente pesquisa mostrou que das 50 empresas mais inovadoras do mundo, 27 tinham atuação na região.

APRENDIZADO E OPORTUNIDADES

Os desafios enfrentados em 2020 foram destaque do segundo painel do encontro, que contou com a moderação de do presidente do INDI. O CEO da Waipa, Bostjan Skalar, destacou a atuação das IPAs desde os primeiros impactos econômicos, com a idenficação de novas oportunidades para evitar a fuga de investimentos. “As agências foram verdadeiras campeãs”, afirmou.

Skalar lamentou os impactos inevitáveis da pandemia, mas contou que os obstáculos serviram para que as IPAs revessem a estratégia de atuação. “Foi um momento difícil, mas de grandes oportunidades para que todos pudessem revisitar suas estratégias. A recuperação será em forma de ‘U’, segundo as estatísticas, por isso é importante estar agora ao lado do investidor, e estou muito feliz com o fato de algumas agências estarem muito ativas neste importante momento”, disse.

O painel contou ainda com a participação de Helena Brandão, da Apex Brasil; Alejandra Bull e Ana Cortés, do governo da província de Santa Cruz, na Argentina; e Jennyn Osorio, do Conselho Nacional de Promoção de Investimentos (Conapri), da Venezuela. Todos falaram das ações desenvolvidas em seus locais de atuação para superar esse momento de dificuldades econômicas globais.

ZONAS ESPECIAIS

Um dos caminhos apontados para uma retomada mais ágil da economia mundial é o investimento em zonas econômicas especiais. É o que foi destacado no terceiro e último painel do encontro. Para isso, Mateusz Rykala, vice-presidente da Zonas Econômica Especial de  Katowice, na Polônia, expôs como uma das áreas mais atrativas da Europa está se preparando para estimular o crescimento em cenário de pós-pandemia. Mesmo no cenário de crise em 2020, a região atraiu investimentos da ordem de US$ 2 bilhões, principalmente nos ramos de tecnologia e mobilidade.

“É muito importante para nós e para todas as zonas especiais pesarmos fora do caixa. Porque a situação atual criou uma realidade difícil de prever. Temos que estar muito preparados esse momento de mudança. Acreditamos que, especialmente agora, o papel da zona econômica especial pode ser crucial para estimular a economia neste momento difícil”, destacou Rykala.

Em termos de América Latina, entretanto, as zonas especiais ainda precisam evoluir. Foi o diagnóstico feito por Maria Camila Moreno, diretora-executiva da Associação das Zonas Livres de Comércio das Américas. Ela usou o Brasil, maior economia da América do Sul, como exemplo da necessidade de mais áreas especiais. “Temos aprovadas pelo governo brasileiro 19 áreas especiais de comércio, mas apenas uma está efetivamente em funcionamento, em Manaus. Países menores, como Costa Rica e República Dominicana, possuem essa política mais evoluída”, conta Camila.

Vinícius Silva, coordenador de Inteligência de Mercado da BH Airport (CCR/Zurich AG), finalizou o encontro falando do lançamento recente do primeiro aeroporto industrial do Brasil e das oportunidades de negócio que estão surgindo no em torno desta iniciativa.