No dia 8 de julho é comemorado o Dia da Ciência e, para celebrar a data, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) traçou o perfil da ciência mineira com base nos projetos de pesquisa apoiados pela Instituição nos últimos cinco anos.
Entre 2018 e 2022, a FAPEMIG investiu mais de R$740 milhões em atividades de pesquisa e inovação executadas por instituições mineiras. O valor foi destinado a projetos de pesquisa, a bolsas para formação de pesquisadores, financiamento de eventos científicos, dentre outras modalidades.
Considerando apenas o financiamento de projetos de pesquisa, é possível dizer que as grandes áreas que mais receberam apoio foram, na ordem, Ciências Biológicas e Biotecnologias, Ciências Agrárias e Ciências da Saúde. Juntas, elas receberam mais de R$199,3 milhões em recursos.
É possível, também, olhar para as temáticas abordadas. Nesse período, e especialmente entre os anos de 2020 a 2022, vivenciamos os impactos provocados pela pandemia causada pelo SARs-Cov-2, o que exigiu esforços direcionados à área de saúde. Nesse sentindo, R$6,5 milhões foram destinados a projetos que abordaram a covid-19 de alguma forma. Além disso, destacam-se projetos da área de Administração, que receberam R$59,08 milhões, de Inovação, R$56,64 milhões, Educação, R$39,11 milhões, Ecologia, R$29, 65 milhões e Ciências da Computação, R$ 20,92 milhões.
Pesquisadores
Os recursos beneficiaram 17.297 pesquisadores, entre coordenadores e membros de equipe, sendo que 50,26% se declaram do gênero feminino e 49,74%, do masculino.
Instituições
A maior parte do investimento global realizado nos últimos cinco anos foi direcionado a projetos executados pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG): R$170,72 milhões. Em seguida, temos a Universidade Federal de Viçosa (UFV), que recebeu R$65,58 milhões; a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sede) que teve R$62,53 milhões contratados; a Universidade Federal de Uberlândia (UFU), que recebeu R$51,18 milhões; e a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), com R$49,47 milhões contratados.
Considerando a distribuição geográfica, é possível dizer que a FAPEMIG financia projetos em todas as regiões de Minas Gerais. Sul do Estado e Região Metropolitana de Belo Horizonte são as que mais recebem recursos, proporcionalmente, o que está relacionado ao número de instituições de ensino e pesquisa sediadas em tais localidades.
O presidente da FAPEMIG, Paulo Sérgio Lacerda Beirão, acredita que os dados refletem a diversidade de Minas Gerais e o contexto socioeconômico do período, a partir de duas perspectivas centrais: o que traz riqueza para o Estado e os pontos que necessitam desenvolvimento. “Temos o Estado com mais municípios da federação, o que acentua a diversidade em todos os aspectos. Assim, procuramos fomentar a pesquisa de fatores relacionados à composição do Produto Interno Bruto do Estado (PIB), como a Agropecuária e a Mineração. E, ao mesmo tempo, mantivemos o olhar nos fatores relacionados aos Índices de Desenvolvimento Humano, com projetos voltados à Educação e à Saúde”, afirma.
Esses dois ângulos são bem representados pelos municípios que possuem o maior e o menor Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do Estado, de acordo com os dados do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil – Pnud Brasil, Ipea e FJP, de 2022. Nova Lima, localizada na Região Central, tem um IDHM de 0,813, o mais alto de Minas Gerais e o 17º mais alto do país, superando a média do estado (0,774) e a média nacional (0,766). A cidade tem tradição mineradora e alta concentração de renda. Com PIB per capita de R$126.993,16, tem 94% dos domicílios com esgotamento sanitário, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Estatística (IBGE), de 2020.
Na outra ponta, com o pior IDHM de Minas Gerais, está o município de São João das Missões, localizado na Região Norte do estado, na Zona do Alto Médio São Francisco, com IDHM de 0,529. A Agricultura é a principal fonte de renda da cidade e o PIB per capita é de R$6.855,16, com apenas 3,2% de domicílios com esgotamento sanitário. A reserva indígena Xacriabá ocupa uma área de 78% do município. “Essa é a realidade que o nosso trabalho tem que abranger. Precisamos olhar para Nova Lima e para São João das Missões e pensar em como a pesquisa e a inovação podem contribuir para essas diferentes realidades”, afirma Paulo Beirão.