Os 30 anos do Plano Real foi o tema da edição desta quarta-feira (24/7) do Ciclo de Debates Econômicos promovido pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), vinculado à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede-MG), em Belo Horizonte. Os economistas Gustavo Franco e Edmar Bacha lançaram no evento o livro “30 Anos do Real - Crônicas no Calor do Momento”, de autoria dos dois e do também economista Pedro Malan.
O governador Romeu Zema, que participou de forma virtual do evento, destacou as melhorias alcançadas pelo Plano Real e compartilhou suas memórias da época. “Após 1994, tivemos um fortalecimento do sistema financeiro com concessão de crédito, fortalecimento da democracia e metas de inflações civilizadas, com queda da inflação e câmbio flutuante, graças a esse marco, que foi o Plano Real”, afirmou.
“Tenho certeza de que os mais favorecidos foram aqueles que ganhavam menos, que não tinham como salvaguardar o seu poder de compra. Fica meu agradecimento porque vocês fizeram a diferença”, completou Romeu Zema, dirigindo-se à equipe responsável por elaborar o plano econômico.
Durante a abertura, o presidente do BDMG, Gabriel Viégas Neto, destacou os avanços conquistados a partir da implementação do Plano Real, como o controle da inflação, a promoção de políticas sociais e a criação de um ambiente para investimentos, com geração de emprego e renda.
“Mais do que lembrar do passado, foi uma oportunidade de nos inspirarmos para o futuro. O Plano Real não apenas estabilizou a economia, mas transformou a vida de milhões de brasileiros, principalmente daqueles em situação de maior fragilidade”, destacou Gabriel Viégas Neto.
“Afinal, a inflação atinge diretamente a classe trabalhadora e os mais pobres, pois corrói seu poder de compra com velocidade. A nova política monetária possibilitou a ampliação do acesso ao crédito, facilitando a aquisição de bens duráveis e a realização de sonhos, como a casa própria”, ressaltou o presidente do BDMG.
Desafios da época
Durante o bate-papo, os autores falaram sobre controle da inflação, promoção de políticas sociais e desafios superados, além da criação de um ambiente para investimentos, com geração de emprego e renda.
O mineiro Edmar Bacha, ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pontuou que ele e a equipe econômica à frente do governo à época não sabiam que o plano implementado daria certo. “Não foi fácil. Muitos planos já tinham fracassado. Tão importante quanto a implementação do plano foi a consolidação e a estabilização posterior à implantação, quando vimos que a inflação estava reduzindo ao longo dos anos e que a população havia entendido o que estava sendo feito”, disse.
“A democracia é nosso grande trunfo como demonstra o sucesso do Plano Real, exemplo maior da união da boa técnica com a política, com P maiúsculo. Nosso objetivo é conseguir canalizar a força da democracia para construção de um país rico, justo, sustentável e aberto ao mundo”, finalizou Bacha.
Ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco reforçou a importância do Plano Real para a recriação da identidade do país e do futuro vivido nestes últimos 30 anos. “A moeda de antigamente era como uma bandeira que era humilhada, pegava fogo. A inflação crescia desordenadamente, o consumidor ia ao supermercado e os preços aumentavam absurdamente, a moeda perdia poder de compra. Foi um grande desafio”, lembrou.
“Percebo no Parlamento atual uma cabeça diferente para os assuntos de inflação e orçamento. Espero que nos próximos 30 anos a gente se transforme em um país rico”, completou, ao defender reformas orçamentárias no país.
O debate foi mediado pelo economista-chefe do BDMG, Izak Carlos da Silva. O evento contou ainda com as presenças dos secretários de Estado de Comunicação Social (Secom), Bernardo Santos, e de Desenvolvimento Econômico (Sede-MG), Fernando Passalio.
*Com informações da Agência Minas